
Ao contrário do que se pensa, nosso equilíbrio não é mantido apenas por um orgão, mas por uma complexa interação de diversas partes do sistema nervoso:
- os labirintos, situados na parte interna dos ouvidos, informam sobre o movimento do corpo em relação ao espaço;
- os olhos monitorizam a posição do corpo;
- os receptores sensíveis da pele informam qual parte do corpo está para baixo;
- os receptores sensíveis dos músculos e articulações informam qual parte do corpo está se movendo;
- finalmente, o sistema nervoso central é o “computador” que processa todas essas informações, coordenando o senso de equilíbrio.
Os distúrbios do equilíbrio aparecem quando o sistema nervoso central recebe mensagens conflitantes dos outros quatro sistemas. Isso pode acontecer, por exemplo, se você está lendo no banco traseiro de um carro. O movimento do carro é percebido pelos labirintos (sistema 1) e sensores da pele (sistema 3), mas seus olhos (sistema 2) estão fixos na leitura. O resultado é que você pode ficar tonto, “enjoado”.
Portanto, tonteira não é sinônimo de “labirintite”. O labirinto é apenas um dos orgãos envolvidos na manutenção do equilíbrio.
A labirintite caracteriza-se por vertigens rotatórias, muitas vezes associadas a sintomas de estimulação do nervo vago (taquicardia, suores frios, náuseas, vômitos, etc…). Isso significa que pelo menos um dos labirintos não está funcionando bem. A causa pode ser uma doença do próprio labirinto ou, o que é mais comum, um fator externo que agride ao labirinto.
As “agressões externas” alteram a microcirculação sanguínea dos ouvidos internos, provocando a descompensação. A tensão emocional e o “stress” são os grandes vilões dessa patologia, acometendo inclusive os jovens.
Os problemas da coluna cervical também são grande causadores de vertigem. O pinçamento dos grande vasos que passam dentro da coluna por problemas de postura, por artrites (inflamações) ou artroses (calcificações) prejudicam o fluxo de sangue para os orgãos sensoriais e o sistema nervoso central.
Problemas circulatórios formam o terceiro grande grupo de fatores externos causadores de vertigem: pressão alta, diabetes, arteriosclerose e anemia são alguns desses agentes. Excesso de sal, dietas mal balanceadas e estimulantes como a cafeína e a nicotina são outros agressores.
Ainda como fatores externos estão os traumatismos de crânio e as infecções. Otites e mastoidites podem atacar o ouvido interno e suas conexões nervosas com o cérebro. Até um simples vírus da gripe é capaz de fazer o “mundo girar”.
Como vimos, o estudo do “desequilíbrio” é complexo. A medicina dispõe hoje de exames complementares sofisticados para investigar as diversas causas de vertigem. A vectonistagmografia computadorizada, a audio/timpanometria, a ressonância magnética, a avaliação radiológica da coluna cervical e o “check-up” clínico-metabólico-hormonal são alguns desses exames. Mas acima de tudo está a experiência e o bom senso do especialista para analisar cada caso. Cabe ao paciente ser persistente ao cumprir as determinações de seu médico-assistente.